segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Domingo, ainda...

Hoje parece domingo, mas não é. Uma segunda-feira com cara de domingo, ou será que tivemos dois sábados?
A semana ficou curta e, a depender do ponto de vista, isso pode ser bom ou ruim. A propósito, muitas coisas são assim, boas ou más, conforme nossa interpretação.
Eis que me deparo com essas inclinações filosóficas.
Melhor parar por aqui.
Como é hora de pensar em voltar aos dias brancos, trago um oportuno poema de

MÁRIO QUINTANA


Ah! Os Relógios


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mário Quintana

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nostalgia

Há duas semanas, voltando de Caruaru com uns amigos, vimos a placa que indicava a entrada para o município pernambucano de Altinho. Lembramos de Jorge de Altinho, claro, e dessa bela música.
Pena que não tenho mais o cd...


FAZENDA SANTO ANTONIO
Jorge de Altinho

Quando eu era menino vi do céu um pedacinho
A fazenda Santo Antonio do meu velho tio Pedrinho
Felicidade infinita, era a jóia mais bonita do município de Altinho

A casa sede era grande de alpendre arrodeada
Um quarto pra guardar sela, a rede toda trançada
Encostado com a cozinha uma casa de farinha
Pra se fazer farinhada

Quatro horas da manhã para o curral eu corria
Leite do peito da vaca traz saúde e energia
Tinha vaca que respeite
Tio Emídio levava o leite pra cidade todo dia

Na mesa tinha de tudo, cuscuz com leite e coalhada
Queijo de coalho na brasa, carne de sol bem assada,
Bolo de milho com coco, tinha costela de porco
Macaxeira cozinhada

Na beira do rio Una tinha cortiços de mel,
Inhame, batata doce, laranja mimo do céu,
A banana prata e o pão, os pés de coqueiro anão
Agua doce feito mel.

Santo Antônio mudou de dono, veio a modernização
Derrubaram a casa sede, a cocheira e o galpão
A tristeza me invade, quem já foi felicidade
Hoje é só recordação

Tio Pedrinho não vive mais, nem tia Auta também
Foram morar com Jesus na fazenda do além
A lembrança hoje é um sonho, quando vejo Santo Antonio
Sinto que morri também