VIOLÊRO
Vô cantá no canturi primero
as coisa lá da minha mudernage
que mi fizero errante e violêro
eu falo séro i num é vadiage
I pra você que agora está mi ôvino
Juro inté pelo Santo Minino
Vige Maria qui avé o que eu digo
Si fo mintira mi manda um castigo
Apois pro cantadô i violero
Só hai treis coisa nesse mundo vão
Amô, furria, viola, nunca dinhêro
Viola, furria, amô, dinheiro não
Cantadô di trovas i martelo
Di gabinete, ligêra e moirão
Ai cantadô já curri o mundo intêro
Já inté cantei nas portas de um castelo
Dum rei que si chamava di Juão
Pode acreditá meu cumpanhêro
Dispois di tê cantado u dia intêro
O rei mi disse fica, eu disse não
Si eu tivesse di vivê obrigado
Um dia inantes dêsse dia eu morro
Deus feis os homi e os bicho tudo fôrro
Já vi inscrito no Livro Sagrado
Que a vida nessa terra é u'a passage
I cada um leva um fardo pesado
É um insinamento qui derna mudernage
Eu trago bem dent'do coração guardado
Tive muita dó di num tê nada
Pensando que êsse mundo é tud'tê
Mais só dispois di pená pelas istrada
Beleza na pobreza é qui vim vê
Vim vê na procissão u Lôvado-seja
I o malassombro das casa abandonada
Côro di cego nas porta da Igreja
I o êrmo da solidão das istrada
Pispiano tudo du cumêço
Eu vô mostrá como faiz a pachoia
Qui inforca u pescoço da viola
Rivira toda moda pelo avêsso
I sem arrepará si é noite ou dia
Vai longe cantá o bem da furria
Sem um tustão na cuia u cantadô
Canta inté morrê o bem do amô.
Composição: ELOMAR
Repositório de poemas, letras de músicas, comentários e outras coisas menos importantes
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Música x poema (?)
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Cantor: FAGNER.
Compositor: Ferreira Goulart.
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Cantor: FAGNER.
Compositor: Ferreira Goulart.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Poema 07
O REVELADOR
Oh Poeta, irmão de Deus, filho da Natureza,
Mergulha o teu olhar na Matéria fecunda!
Do anseio universal, na alegria ou tristeza,
Desce dentro de ti, à voragem profunda!
De tudo que se oprime, arrebata a reprêsa,
Sonha um dia de sol em cada noite funda!
Dos mistérios arranca as formas da Beleza,
E aos homens oferece a Glória que te imunda.
És a Voz milenar das coisas que não falam;
A memória do mundo atormentado e vão,
A Fôrça de titãs que novos céus escalam...
Descobres, no segrêdo imenso do Universo,
A chama dêsse Amor, que é luz da Perfeição,
Onde vives, em ti, em sínteses disperso!
FLEXA RIBEIRO
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