terça-feira, 31 de março de 2009

Diálogos 05

Estávamos de barba, eu e Matheus:



(Ele) - La Barbe Bleue (confiando-a, filosoficamente) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Barba_Azul)

(Eu) - Moi, Le Barbapapa (bem sério, claro) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbapapa)



Rimos muito, muito mesmo!
Até hoje, quando lembro, rio. Estou rindo, agora, enquanto escrevo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Primeira contribuição de Marcus Rômulo

Conhecedor de alguns de seus textos, dentre os quais "O prestidigitador", solicitei ao meu amigo Marquinhos a sua contribuição para este blog, tendo pedido, especificamente, o referido escrito.

Solícito e atencioso, dando a mim a certeza de ter batido em boa porta, Marquinhos afirmou que não estava conseguindo encontrá-lo, tendo em vista sucessivas trocas de computador, fato que a todos nos acomete, com grande prejuízo literário.

Não obstante, prometeu-me o envio de um outro texto.

Pois bem, eis que encontro hoje, em minha caixa de e-mails, a pérola que, com grande satisfação, publico abaixo.

Muito obrigado, Marquinhos! Espero que esta seja, apenas, a sua primeira contribuição.

Quanto aos demais amigos, rogo, mais uma vez e encarecidamente, a todos vocês, que também colaborem, com comentários e/ou textos, como Isaac, George, Fausto, Dom Vicente, Wlad, Bosco, Pedro, Fernanda, Fabiana(s), Carlinha, Elaine, minha mãe, Marquinhos e outros, tendo em vista a natureza exemplificativa do rol, que espero ver sempre expandido.

Um grande abraço a todos!




"AS MÃOS DE UM TRABALHADOR NUNCA ESTARÃO SUJAS

Um amigo me escreveu a seguinte carta:

Caro Marcus,

Gostaria de saber sua opinião jurídica sobre um incidente ocorrido esta semana.

A babá do meu filho estava sentada no sofá da recepção do prédio onde moro quando a síndica viu e mandou o porteiro avisá-la que era proibido sentar ali. Esse fato revoltou-nos, a mim e a minha esposa, porque nos pareceu evidente preconceito. Minha esposa ligou, então, para ela, a fim de obter satisfação.

Primeiro, a síndica disse que o carrinho do bebê arranhava o piso de porcelanato. Isso muito me estranha porque o piso da recepção é o mesmo do meu apartamento que nunca arranhou, afinal, o carinho tem rodas de borracha.

A síndica também alegou que não se tratava de discriminação; que aquele lugar era um corredor de passagem e que o sofá se destinava apenas aos visitantes, sendo que a proibição se estendia, também, aos moradores do edifício, mas que não haveria problema em usá-lo se o bebê estivesse doente ou algo assim; que queria evitar baderna naquele lugar, pois já encontrara até uma camisinha ali...

O que você acha? É legal essa proibição?

Respondi-lhe, então:

Caro Marcos, (nesse ponto, esclareço ao leitor que é apenas uma coincidência, não se trata de um amigo imaginário, fazendo crer que o fato ocorreu comigo)

Primeiramente, quero crer que se o carrinho de bebê arranha o piso do prédio provavelmente a culpa é do piso, afinal, piso foi feito pra ser pisado e não pode ter a sensibilidade dos alfenins.

Segundo, por que alguém mandaria um bebê doente ficar na recepção do prédio é algo que me foge à lógica.

Tampouco consegui aquilatar a relação entre Camisinha de Vênus, a babá e o seu filho de seis meses. Estaria havendo um affair entre eles? Teria ele deixado a camisinha cair quando surpreendido pela síndica? Também não consegui alcançar, pictoricamente falando, algo que possa relacionar baderna e o quadro de uma babá sentada num sofá defronte a um carrinho de bebê!

Quanto à justificativa de que ali é local de passagem, tenho, para mim, que local de passagem é corredor e ninguém em condições normais adornaria um corredor com um sofá! Quem já viu sofá em corredor? Eu vi, sou forçado a admitir, mas só em repartição pública.

Mas o que me deixou perplexo foi a proibição de sentar no sofá! De que serve um sofá, senão pra sentar? Curioso é que a proibição se estende aos próprios moradores, donos do sofá em última análise.

Se bem entendi, só visitantes podem sentar no sofá. Só não entendo por que alguém haveria de receber suas visitas na recepção do edifício. O normal é que se convide o visitante a subir ao apartamento. Imagine você recebendo visitas e, ao invés de mandá-las subir, desce pra recebê-las na recepção. Pior! Como só aos visitantes é dado sentar-se, você ver-se-ia na contingência de recebê-los em pé, suprema indelicadeza. Imagine a cena, o visitante, que já está ofendido por não ter sido convidado a subir, sentado no sofá e você permanecendo em pé, empedernido.

Confesso-te que fiquei deveras curioso por conhecer o tal sofá. Deve ser, realmente, algo espetacular. Apressar-me-ei em visitar-te. Espero que não me convides a subir. Já me vejo lá, você em pé, resignado, e eu refestelado naquele opulento sofá, abobalhado de prazer, a soltar suspiros maviosos!

Concluo achando que, por se tratar de uma regra que não se aplica aos visitantes, mas aos moradores e trabalhadores do prédio, e como não vislumbro a possibilidade de o porteiro ou quem quer que seja vir a reclamar de algum morador que esteja ali sentado, é evidente que os verdadeiros destinatários da proibição são mesmo os empregados.

Quanto a dizer se isso é certo ou errado, me recordo de uma história que li certa vez no excelente blog “Domingo à noite” do Humberto Pimentel, escrita por Fausto Luiz e denominada Mãos de trabalhador. Conta ele que certa vez o navio em que trabalhava estava ancorado em Montreal. Ele estava subindo as escadas da praça de máquinas quando se deparou com uma imensa turma de visitantes. Uma senhora antecipou-se no cumprimento estendendo-lhe as mãos, o que o deixou constrangido já que estava com as mãos sujas de óleo. A senhora, porém, não recuou, apertou-lhe as mãos e disse a ele:

- As mãos de um trabalhador nunca estarão sujas!

Esse gesto digno me encantou. Sei que não é o caso do Fausto. Citei esse relato apenas para dizer que muitos pais de classe média admitem que seus filhos se sustentem no exterior com trabalho braçal por acharem-no perfeitamente digno, desde que essa dignidade se apresente sob a forma de remuneração em euro ou dólar, e não em reais, como no caso citado por você.

Com isso espero ter respondido a sua pergunta,

Atenciosamente,

Marcus Rômulo."

domingo, 29 de março de 2009

Há quase dez anos-luz! (sei que mede distância, não tempo!)

Mais um texto-de-ensaio...

Esse é muito querido e meio naïf, como tendem a parecer as coisas do passado.

Não o escreveria novamente ou, pelo menos, não o escreveria do mesmo modo. Entretanto, agrada-me vê-lo mais uma vez e saber que, há apenas dez anos, ainda tinha essa visão franca e inocente.



"A DÚVIDA




Meu amigo estava muito doente, pude perceber imediatamente.

Encontrei-o sentado, com o olhar fixo na parede. Sua fisionomia era angustiante, seu rosto, lívido.

Comecei a conversar como se não tivesse notado seu sofrimento, perguntando por algo de que agora nem me lembro.

Ao cabo de dois instantes, ele já estava pedindo minha opinião a respeito de assunto seu. Como sempre, posto que se tratava de questão já antes debatida, dei aquela resposta analítica de quem não quer ter a responsabilidade de influenciar numa decisão pessoal de outrem.

Considerei os dois lados do problema, tracei uma tangente pelas conseqüências e, enfim, passei ao largo de qualquer recomendação incisiva.

Não adiantou, como soe acontecer nesses casos. Deixei então que ele falasse mais uma vez.

Após longa exposição, voltou ao mesmo ponto: “o que é que eu faço? O que é que você acha?”. Tudo em sua vida era assim, desde a mais elementar escolha às grandes questões que todos nós temos.

Não sei se por incompetência minha, ou talvez por falta mesmo de experiência, sempre nessas ocasiões eu me limitava ao assunto que afligia meu amigo, embora no fundo nunca dissesse nada que fosse conclusivo. Dessa vez não foi diferente.

Assim que pude deixei ele a sós novamente, mas não sem ter o cuidado de desejar-lhe boa sorte. Com o tempo, tornei-me especialista nessa prática de parecer que estava ajudando.

A vida tratou de nos separar.

Voltei a vê-lo tempos depois. A julgar pelo que era antes, não posso dizer outra coisa senão que ele tinha sido curado. Era outra pessoa.

Como nos encontramos numa oportunidade em que ambos tínhamos tempo para conversar, aproveitei e, logo após os tradicionais relatos do que ocorrera durante o período, perguntei o que tinha causado aquela transformação, ao meu ver tão boa.

Era evidente sua segurança e tranqüilidade. Nem de longe se parecia com aquela pessoa cheia de dilemas, vítima da falta de iniciativa e inspiradora de compaixão.

Contou-me então que há uns meses, meio por acaso, tivera uma conversa com um amigo seu.

Esse seu amigo tinha lhe mostrado que a dúvida era o pior dos males que podiam acometer uma pessoa. Não achei que tivesse sido grande coisa, pois de um modo ou de outro todos sabemos disso.

Ocorre que esse seu amigo, não sei bem como, conseguiu mostrar-lhe que, no fundo, todos sabem exatamente o que querem; que as pessoas, apenas, nem sempre têm coragem de assumir as responsabilidades das escolhas; que ficam na indecisão com receio do que os outros vão pensar, ou porque não aprenderam a dizer “não”, por insegurança.

Meu amigo me disse que concordou com o que o seu amigo tinha lhe exposto, apesar de não ter sido capaz de entender perfeitamente o alcance e a dimensão da coisa.

Até que um dia, sem que tenha havido qualquer provocação ou fato que lembrasse o que seu amigo tinha lhe dito, ele simplesmente captou o sentido da mensagem. Foi o que ele me relatou.
Considerei um tanto estranho, pedi que contasse como foi.

Ele disse que espontaneamente começou a se sentir ansioso, inseguro e fraco, como sempre ficava quando estava com alguma dúvida. Só que dessa vez não procurou adiar a decisão ou pensar em algo diferente. Enfrentou a si mesmo.

Contou que passou a noite sem dormir, a cabeça a mil. A luta interna tinha sido muito intensa, os dois lados muito fortes. Alfim tinha vencido a verdade. Disse que a vencedora, em qualquer caso, só poderia ter sido a verdade, e que é sempre melhor quando a verdade vence o mais cedo possível. Ao cabo da tormenta, ele tinha compreendido o que seu amigo tinha transmitido.

Terminou seu relato meio filosoficamente: “a verdade é só uma e sempre a vencedora. Deixarmos a verdade em segundo plano não a faz desaparecer. Ela voltará um dia”.

Fiquei calado, ergui as sobrancelhas, olhei para ele com ar de perplexidade. Não pude me abster de perguntar o nome desse seu amigo, que tinha lhe plantado semente tão valiosa.

Disse, antes de nos despedirmos, o nome do seu amigo, um colega de profissão.

Dei os meus parabéns e, antes de virar as costas, pedi para que um dia me apresentasse essa pessoa."



Em outubro de 1999.
Humberto Pimentel Costa.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Manual de sobrevivência do homem solteiro 05

41 - Seja localizável, não encontradiço. A virtude, como sempre, está no meio termo. Não seja o Wally, do "Onde está Wally?", quer dizer, não adianta ser uma agulha num palheiro. Você tem de ser visto. Mas, por outro lado, não seja visto demais. Vá a todos os lugares, mas nunca, todas as semanas, aos mesmos lugares.

42 - Andar sozinho é uma ilusão. Não pense que seus amigos são concorrentes, pois não são. Você precisa ter com quem conversar, com quem se divertir. Além disso, se você tentar alguma coisa e der errado, ombros amigos são melhores do que tequila e quase tão bons quanto Jack Daniel's ou Jim Bean. E se der certo? Se os amigos não estiverem por perto é como se não tivesse acontecido.

43 - Ser visto com outras não o queima! O que pode queimá-lo é sempre ser visto sozinho. O ideal é ser visto com uma, com outra e com amigos, na maioria das vezes. O solitário é um problemático e ela não vai querer saber o porquê. Se você teve outras e não deu certo, gera a expectativa de que, com ela, pode ser diferente. As mulheres sempre acreditam que o problema foi "a outra".

44 - Quanto ao dinheiro, seja discreto. Simplesmente não fale sobre isso. Aja de tal modo que ela tenha dúvidas e pense que a sua conta tanto pode estar no vermelho quanto possuir um milhão. Não se queixe de ir, com a turma, para a lanchonete mais barata ou para o restaurante mais caro. Vá para qualquer lugar com naturalidade mas, com ela, prefira lugares melhores.

45 - Não tente impressioná-la! Isso vale para todos os aspectos do seu "ser". Procure, em verdade, situar-se no limite da aceitabilidade. Desse modo, acredite, são maiores as suas chances de surpreendê-la com o passar do tempo. Se você, desde o início, quiser parecer top de linha, não terá um bom horizonte. Quando se está no topo, o único caminho é a descida. A decepção será inevitável.

46 - Então ela não quis nada com você? Persevere, insista! Nesse ramo de atividade, a persistência é uma virtude. Até quando insistir? Até antes de incomodá-la. Não enverede pelo tortuoso e ingrato caminho da teimosia. O limite é tênue, eu sei.

47 - Quando desistir? Quando ela começar a tratá-lo pior do que de costume! Um bom indicativo: peça um beijo... se ela "negar sem sorrir", disser "não" e fizer "gesto negativo com a cabeça" (tudo ao mesmo tempo) já passou da hora de cair fora. Como diz a gíria: "demorou"!

48 - Então ela quis algo com você? Ok, parabéns! Lembre-se: aconteça o que acontecer, jamais discuta com ela. Atribui-se a Napoleão Bonaparte o seguinte pensamento: "As batalhas contra as mulheres são as únicas que os homens ganham fugindo". Então, se ela quiser discutir algo muito sério (uma queixa, bem fundada ou não), fuja! Mude de assunto, vá embora ou, em último caso, seja engraçado.

49 - Jamais revele todos os seus segredos! Tudo bem, o Manual bem que poderia ir até a regra 100, eu sei... mas tenho de guardar o pulo do gato para mim... além disso, das próximas 50 regras, 05 seriam, novamente, a golden rule; das 45 remanescentes, pelo menos 15 foram vetadas por anacronismo ou desuetudo, outras 15 não podem ser reveladas ao grande público(corporativismo masculino) e, das aproximadamente 15 restantes, muitas delas poderiam ofender o público feminino... ok, só mais uma: tenha sempre chocolate em casa, pode até ser sorvete, mas, invariavelmente, de chocolate...

50 - Goden rule! Espero que, para o seu próprio bem, lembre...


...



Assim, com alguns percalços, chego ao fim deste divertido Manual. Devo dizer que o iniciei sem grandes pretensões (não que ele tenha ficado esses balaios), mas a reação de alguns amigos deixou-me feliz. Gostando ou não, concordando ou não, muita gente não ficou indiferente.


Como anunciei na semana passada, procurarei escrever textos mais longos sobre o tema, uma vez que a síntese exigida pelo formato do Manual, não poucas vezes, oprimiu a minha liberdade de criação.


Posso, até, não escrever mais nada. Pode ser que o trabalho ou outras ocupações menos nobres me impeçam de prosseguir. Lembro da voz de Flávio José, cantor de forró pé-de-serra, grande poeta de raiz e: "Amanhã pode acontecer tudo, iclusive nada!". Pois bem, não controlamos o porvir mas, de acordo com os meus planos, pretendo fazer alguns comentários ao Manual, divididos em três modalidades temáticas, a saber: 1) Comentários ao Manual (sticto sensu); 2) Crônicas de um (Anti)Cafajete (não sei se terei muito fôlego imaginativo nessa área) e 3) A arte da "guerra" (em colaboração e apartir de histórias do meu amigo Spot).


Até gostaria de dizer mais algumas coisas, acerca dos futuros descendentes do Manual (para mim, já de saudosíssima memória...), mas estou mesmo ansioso para publicar o que acabei de escrever e, por ser uma sexta-feira...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Trecho selecionado





A imagem acima é do marcador de livro! Brinde para quem comprar...


Conforme o prometido, segue trecho selecionado (texto da orelha do livro):


O RELATO DE NANNA (FRAGMENTO)


"Durante a minha vida inteira tive a impressão de estar vivendo de forma plural. Sempre aqui e ali, mas em lugar nenhum de verdade. Os colegas do colégio, os amigos da vizinhança, as garotas do ballet, a minha família. Para cada grupo de relacionamento e ainda em relação aos outros tantos que vieram depois, eu sentia que quem estava ali era um outro eu. Melhor, sentia que estava ali apenas um pedaço de mim, superficial e incompleto. A um só tempo verdadeiro e falso, presente e ausente.

No início achava que todos sabiam de alguma coisa que eu não sabia. Não podia dar outra explicação. Ficava perplexa diante das motivações que levavam os outros a agirem de maneira tão compenetrada. Aquela seriedade, aquela sisudez, aquele comprometimento. Para quê? – sempre me perguntei. Onde queriam chegar com isso? Era como se acreditassem no que estavam fazendo, no que estavam vivendo, no que queriam. E de fato acreditavam mesmo. Como doía em mim. Todas aquelas opiniões formadas, todos aqueles interesses definidos. Passada a perplexidade, vinha a opressão. O que é que todo mundo sabe que eu não sei? O que é que todo mundo quer, que eu ainda não entendi?

É verdade que tudo vivi intensamente, mas não da mesma forma como eu via as outras pessoas viverem. Elas eram aquilo que estava ali, podia ver o entusiasmo em seus olhos, sentir a vibração em seus semblantes. Acreditavam no que eram e no que poderiam ou deveriam ser. Mais do que isso. Acreditavam que eu era um deles, que pensava igual, que queria as mesmas coisas. Tolos.

Ou será que a tola sempre fui eu? Não sei nem quis mais saber. Com o tempo nada disso passou a importar. Transformei essa perplexidade em conhecimento. Fiz da dúvida a minha certeza e ganhei muita liberdade assim.

Tornei-me mais eu, mesmo ainda vivendo muitas vidas, participando de muitos grupos, parecendo pertencer integralmente a cada um deles, doando-me sem me entregar, guardando para mim a minha força. Talvez por isso nunca tenha feito muita questão de nada. Talvez por isso tenha sido bem-aceita em todos os círculos.

Protegi de tudo aquele sentimento inicial de não pertencer a nada, que antes tanto sofrimento me causara. Depois as coisas se inverteram. A partir de certo momento era como se eu soubesse de algo que ninguém mais sabia. Divertia-me ao ver as pessoas se apegando a fragmentos de vida, como se estivessem diante da vida inteira. A minha, não. A minha vida sempre esteve muito bem dividida, em partes desiguais. Quase nada para o resto e quase tudo para mim."

As mãos de Eurídice

O amigo Isaac, culto e vigilante, lembrou do monólogo "As mãos de Eurídice". Eu confesso que não conhecia, mas fui pesquisar.
Agora que conheço sua importância histórica em nossa cultura, acho que seria uma omissão imperdoável não fazer qualquer alusão.
Para maiores detalhes:

quarta-feira, 25 de março de 2009

Monólogo das mãos

Como a questão das mãos, após a postagem do texto Aperto de mãos, tornou-se mais instigante, tendo recebido excelentes intervenções, lembrei do famoso Monólogo das Mãos, de Ghiaroni, frequentemente declamado pelo ator Lúcio Mauro, o pai, o que fez com que ganhasse parte da notoriedade de que hoje dispõe.

Não que seja um belíssimo monólogo, pelo menos na minha modesta opinião, mas é bem famoso e, por isso, possui certa relevância histórica.

"Para que servem as mãos?

As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......


As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;


Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena; foi com as mãos que Jesus amparou Madalena; com as mãos David agitou a funda que matou Golias; as mãos dos Césares romanos decidia a sorte dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência; os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!


Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram. A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir; o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar; o honesto trabalhar e o viciado jogar.


Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba! Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia! As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.


Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor. Os olhos dos cegos são as mãos. As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes; no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros.


O autor do «Homo Rebus» lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem. Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.


A mão aberta, acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada a pena e a cruz! Modela os mármores e os bronzes; da cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.


O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade. O noivo para casar-se pede a mão de sua amada; Jesus abençoava com a s mãos; as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes. Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.


Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.


E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.


Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.


E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.


E as mãos dos amigos nos conduzem...


E as mãos dos coveiros nos enterram!"

terça-feira, 24 de março de 2009

Girafa

(Humberto) - Que moto você acha melhor para mim?

(Amigo) - Uma girafa com rodinhas...

Mais sobre as mãos!

Acabo de receber, do amigo Isaac Sandes, o comentário abaixo, relacionado ao texto que trata do aperto de mãos. Como seu próprio autor em pessoa, muito perspicaz e bem humorado.

Cuida-se, em verdade, não de mera contriuição, mas de um olhar mais sagaz sobre o tema que, há mais de uma década ensaiei alinhavar algumas mal traçadas linhas.

Muito obrigado, Isaac! Como sempre, enriquecendo qualquer discussão. Um grande abraço.


"Caro Humberto.


- Seu recentemente publicado texto sobre "Aperto de mãos", tem o poder de nos levar a refletir sobre tão importante parte do nosso corpo.


- Segundo especialistas, as mãos estão na origem do grande salto da humanidade em direção a sua atual condição de suposta "superioridade" entre as espécies.

- Pois teria sido com o movimento oposto que o nosso polegar propicia, que a humanidade teria dado um grande e definitivo salto na cadeia evolutiva.

- As mãos têm acompanhado, com frequência, os passos do homem. Em quase tudo encontramos referência às mãos: "Mãos que afagam; mãos que apedrejam; mãos que balançam o berço, mãos que benzem, mãos que amaldiçoam, mãos que acolhem, mãos que deduram, mãos que acariciam, mãos que batem", etc, etc.

- Servem as mãos para ilustrar os mais diversos simbolismos.

- Quando estamos em apuros pedimos uma "mãozinha", quando estamos na pior dizemos que estamos "na mão", quando estamos rendidos dizemos, "estamos em suas mãos.

- É "Mão de direção" para conduzir automóveis, é a "mão de cartas no baralho, é mão prá todo lado.

- Quando nos referimos a outro como preposto de alguém dizemos que é um "Longa manus". É à mão que recorremos, quando bebês, para entretenimento no berço. É à mão que recorremos, quando procuramos satisfação sexual solitária, em nossa higiene íntima recorremos à velha e camarada mão, pois, até agora, mesmo indo à lua, mesmo fazendo o mapeamento genético da humanidade, o homem não conseguiu inventar um instrumento que substitua a mão em tais necessidades.

- É a mão que se presta para o adeus, daquele que fica e daquele que vai à guerra. É a mão na cara, símbolo de humilhação, é a mão no ombro, símbolo de falsidade ou cavilação, é a mão no bolso, símbolo de timidez, são as mãos esfregadas, símbolo de ansiedade, é a mão que corre por entre as cobertas, procurando sexos aflitos. É a mão boba, fazendo um trabalho de avanço dissimulado no namoro. É a mão que toca o instrumento que nos traz a mais elevada música. É a mão assassina. É a mão estendida a pedir uma esmola. É a mesma mão que, do outro lado, dá a esmola. É a mão negra dos grupos mafiosos.

- Quem, entre os homens, já não recebeu a velha ameaça de um brincalhão amigo: "Cuidado, tenho você na minha mão".

- Quem já não ouviu ou disse para o outro: "Conheço você como a palma da minha mão".
- Acredito que, entre a humanidade, a única parte que pode competir em referencias com as mãos é o coração, pois como aquelas, este povoa o inconsciente coletivo e a inspiração dos poetas desde tempos imemoriais.
- Não fosse a mão o homem não seria o que é, o homem verbaliza, mas é a mão que escreve quem registra para posteridade o articulado verbo.

- Finalmente, não fosse, ainda a mão, eu não estaria aqui lhe escrevendo tais bobagens, e, não fosse ela, não estaria você aí clicando em sua caixa de entrada para receber a presente mensagem de e-mail.
abs.

Isaac Sandes- 24/03/09"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Mãos de trabalhador

Segue abaixo uma bela história, recebida por e-mail e relacionada ao texto "Aperto de mãos".
"Humbertinho,
Estou escrevendo no início de uma segunda-feira, e não em final de domingo, como você faz. Gostei do que li no seu blog, com relação ao aperto de mãos. Lembrou-me de um fato ocorrido comigo, em Montreal (cidade magnífica!).
O navio recebia visitas. Eram muitas famílias que estavam `a bordo (primeiro mundo não observa cais do porto com olhar de desprezo). Pois bem, lá vinha o seu primo subindo as escadarias da praça-de-máquinas, quando se deparou com uma turma imensa de visitantes. Uma senhora antecipou-se no cumprimento, estendendo a sua mão. Mas minhas mãos vinham de uma ocupação hostil, manchadas de óleo. Mesmo assim, para meu espanto, a senhora não recuou e, apanhando minhas mãos em suas mãos, disse:
- "As mãos de um trabalhador nunca estarão sujas".
Jamais esquecerei isso.
Um beijo, primo. Ótima semana
Fausto Luiz"

sexta-feira, 20 de março de 2009

Aperto de mãos!

Esse texto é bem antigo e algo ingênuo. Gosto dele, apesar de não mais fazer tanto sentido quanto há onze anos.

É isso mesmo... o tempo passa, parece que o escrevi ontem.

Lendo-o novamente, agora, antes de postar, percebo que foi muito importante como experiência. Atribui-se a Mathias Aires a máxima de que a vaidade das letras seria maior do que a vaidade das armas.

Quem sou eu para discordar?


"APERTO DE MÃOS


O aperto de mãos é um hábito tão comum e tão antigo na cultura ocidental que desafio a qualquer um revelar quando apertou pela primeira vez a mão de outra pessoa. Difícil é passarmos um dia inteiro sem apertarmos uma mão alheia.


As mãos são apertadas de imediato assim que encontramos alguém conhecido, bem como o ato é repetido na despedida. Apertamos as mãos para confirmar um negócio fechado ou para garantir a palavra, como forma de inspirar confiança a quem deseja confidenciar algo. Quando se é apresentado a alguém, o aperto de mãos é providência automática.


Todos nós sabemos que um aperto de mãos pode revelar muito da pessoa com a qual estamos em contato. Longe de nós a pretensão de uma análise psicológica, mas quem nunca apertou aquela mão que parece não querer ter sido tocada por você? Estamos falando daquela mão flácida e escorregadia, que não consegue disfarçar o constrangimento da obrigação.


Que diferença do aperto de uma mão firme, dando aquela impressão de segurança e honestidade! Melhor ainda quando a mão esquerda vem em auxílio da direita, para dar mais calor e demonstrar grande consideração.


Há aqueles que apertam com tamanha restrição, que só chegam a tocar as pontas dos dedos, como se estivessem pegando em algo que não presta, como diz um amigo meu.


Existe ainda o aperto relâmpago, exigência imposta pelo corre-corre do dia-a-dia, onde nota-se claramente que está faltando alguma coisa.


Ainda sobre apertos rápidos, temos presenciado e sofrido apertos daquela espécie em que é a próxima mão a que se queria apertar. Explico. Quando se está numa posição geográfica de antecedência a alguém mais importante, os apertadores cumprem a formalidade com tanta celeridade, e sem a menor satisfação, que é inevitável sequer lembrar que o ato ocorreu.


Temos o aperto prolongado, que na maioria das vezes indica satisfação e amizade, mas que vez por outra é indesejável, principalmente quando o participante aproveita para manter a conversa da qual estávamos querendo nos livrar, ou nos arrasta por metros, no estilo rebocado pelo chato.


Pior do que apertar uma mão suja é apertar uma mão molhada, pois invariavelmente faz surgir a dúvida a respeito do líquido misterioso.


Ninguém está livre de acabar de lavar as mãos e ser, logo após, obrigado a apertar uma mão que talvez não tenha recebido, há tempos, o benefício da água e do sabão. O inverso ocorre com lamentável freqüência, ou seja, apertarmos uma mão suspeita e ficarmos com uma ânsia urgente de lavarmos a nossa mão.

Vez por outra nos deparamos com aquela mão simplória, que dá uma limpadinha na calça antes de vir a nosso encontro. A manifestação é tida por muitos como reveladora de respeito.

Aquele aperto de mãos que parece querer triturar nossos ossos é indicador infalível de desequilíbrio psicomotor, quando não for proposital e denunciante de animosidade entre as partes.

No aperto de mãos, são as mãos, naturalmente, as peças fundamentais. Temos as mãos gordas, as magras, as grandes, as pequenas, as quentes e as geladas. Há quem não tenha mãos. Com certeza é desnecessário lembrar que a mão que nos interessa no momento é a do braço direito. Entretanto, não raro somos obrigados a apertar mãos esquerdas, fato que tem acontecido quando a direita está ocupada. E quem nunca apertou um braço estendido e dobrado (cotovelo), sob a alegação de que a mão estaria suja?

O momento do ato também é causa de variação. Imaginemos o encontro de dois cavalheiros, possíveis apertadores, num banheiro público, quando um dos participantes acaba de sair do reservado. Apertar ou não apertar? Eis a questão!

Bem, um tópico importante em matéria de inconveniência é aquela mão feminina, quase sempre uma extremidade de cinco pontas de uma mulher feia, levemente flexionada e com a palma voltada para baixo, pedindo para ser beijada; só superada pelo brutamontes que ao apertar a mão da donzela aflita aproveita para puxá-la, a donzela, com a finalidade de aplicar um beijo quase sempre indesejável, mesmo que no rosto.

E a mão não correspondida? Aquela mão que pede para que ninguém tenha visto sua infelicidade, não importando se a mão que a desprezou o fez para demonstrar propositalmente desafeto, ou se o fato se deu por distração da outra parte. Neste último caso é aceita uma nova tentativa.

Tem ainda a mão idiota, que é estendida e depois recua, com a finalidade confessada de fazer graça. Não gostaríamos nem de lembrar, mas ainda existe por aí aquela mão jocosa que aproveita para fazer cócegas.

A “mão-boba”, por ser um tema bastante vasto, é merecedor de atenção especial. Quer por sua grande incidência, quer por suas variações, é mencionada aqui apenas de passagem, como forma de homenagem, sem que desçamos às minúcias que o caso requer.

Essa cerimônia, o aperto de mãos, em virtude do desgaste provocado pela freqüência, tem sido banalizada. Hoje aperta-se qualquer mão, em qualquer lugar, de qualquer maneira. Existem muitas pessoas que conhecemos há anos, sendo nosso único contato físico com elas o aperto de mãos.

As palavras, faladas ou escritas, podem mentir; mas as mãos, dificilmente.

Ao apertar a mão de outrem, inevitavelmente estamos transmitindo um pouco de nós mesmos."


Humberto Pimentel Costa.
Em 1998.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Manual de sobrevivência do homem solteiro 04

31 - Ex-esposa, ex-noiva, ex-namorada, ex-rolo (rolo-secreto, rolo-ordinário, rolo-fixo ou rolo-compressor), ex-ficante, ex-credenciada, ou seja, ex-de-todo-o-gênero, de amigo, são impaqueráveis. Mesmo que ela (sem itálico), queira, não caia em tentação. O barato sempre sai caro e amigos são para sempre. Única exceção: Se o amigo o autorizar prévia, sincera, expressa e irrevogavelmente. Não é muito comum, mas conheço casos dessa natureza.

32 - Mulheres comprometidas, em geral, são seres intangíveis, nem sequer olhe para elas. Se o compromisso for com um amigo, considere-a também "um amigo". Terminou o compromisso dela com o amigo? Lembre-se da regra 31.

33 - Respeite o Princípio da Primazia! Se o seu amigo viu primeiro, paquerou primeiro, tentou primeiro (mesmo que, ainda, não tenha conseguido nada), deve ser invocado e enaltecido o aludido princípio fundamental. Não "fure o olho" do seu amigo! Ele tem, afinal de contas, a PRIMAZIA! Única exceção: Se o amigo o autorizar prévia, sincera, expressa e irrevogavelmente. Da mesma forma, não é muito comum, mas já ouvi relatos nesse sentido. E se o amigo estiver com outra? Trata-se de uma lacuna (antinomia?), que deve ser colmatada e solucionada com bom senso. Se o amigo, mesmo comprometido, opuser exceção de primazia (ocorre!), deve ser chamado um terceiro, amigo de ambos, para arbitrar a melhor solução ao caso concreto.

34 - Irmã ou filha de amigo? São entidades semi-interditas, devem ser respeitadas ao máximo e, na hipótese de algum envolvimento, sua conduta deve ser tão exemplar quanto a que você exigiria, do seu amigo, em relação à sua irmã ou filha. Amigos são para sempre, entendeu? Nesse caso, lembre-se do imperativo categórico, de Kant: age de tal forma que a máxima da sua conduta possa valer como razão de uma lei universal!

35 - O único ser realmente interdito, à semelhança da sua própria mãe, é a mãe do seu amigo. Nunca a olhe nos olhos, ainda que novinha, ajeitada, viúva ou divorciada etc... não bula com ela, pois não é para o seu bico!

36 - Prima de amigo? Para muitos é uma mulher como outra qualquer. O cânon, em verdade, queda-se silente nesse aspecto. Eu, particularmente, incluo-as na regra 34!

37 - Seus ex-envolvimentos, nos termos da parte inicial da regra 31? Seja, tanto quanto possível, simpático a elas. Melhor ser amigo, mesmo distante, do que inimigo. A História tem mostrado o estrago que essas ex-de-todo-o-gênero podem fazer em sua vida.

38 - Amiga íntima ou inimiga capital de sua ex-de-todo-o-gênero? Melhor evitar, uma vez que as consequências podem ser apocalípticas. Qualquer passo nesse sentido será por sua própria conta e risco, não diga que não foi advertido! Única exceção: se a sua ex-de-todo-o-gênero o autorizar prévia, sincera, expressa e irrevogavelmente. Jamais recebi notícias de uma autorização desse jaez!


39 - Não paquere garotas do seu trabalho! Não sei se é pior quando dá certo ou quando dá errado. Isso pode tirar o seu sossego (caso dê certo ou não) e, para um homem solteiro, poucas coisas valem mais do que a sensação de poder ir e vir livremente.


40 - Golden rule (n'oubliez pas!): jamais deixe-a saber o quanto é importante para você.

...

Tenho recebido algumas admoestações relacionadas ao Manual de sobrevivência do homem solteiro.

Numa delas, um bom amigo disse que eu não deveria divulgar informações, reservadas ou sensíveis, acerca do comportamento e do pensamento masculino, sob ameaça de ser acusado de alta traição! (Alta traição entre amigos, procedimento sumaríssimo, pena: de ignomínia a desterro, sem direito a recurso. Prazo prescricional: ignomínia, 07 dias; desterro, 15 dias; sábados, domingos e feriados são contados em triplo).

Noutra, fui advertido sobre uma discreta, mas crescente e já percebida "cafajestização" do Manual.

Bem, nesta quadra, em que a propedêutica encontra-se quase completa (o Manual de sobrevivência do homem solteiro tem uma privisão de apenas 50 regras!), considero o momento propício para alguns esclarecimentos:

1 - Não sigo todas as regras;

2 - Não acredito em todas as regras;

3 - Meus amigos não seguem todas as regras;

4 - Meus amigos não concordam com todas as regras;

5 - Divirto-me escrevendo essas bobagens;

6 - Meus amigos divertem-se lendo essas bobagens;

7 - Algumas mulheres divertem-se lendo essas bobagens;

8 - Algumas mulheres ficam aborrecidas, lendo essas bobagens;

9 - Não me importo, nem um pouco, com o que pensam dessas bobagens;

10 - Nem todos os esclarecimentos acima são verdadeiros!



No tocante ao ventilado processo de "cafajestização" do Manual, devo dizer que evito, ao máximo, enveredar por esse caminho. Primeiramente, por convicção filosófica. Em um segundo momento, mas nem por isso menos importante, por falta de experiência prática.

Concluída a parte inicial do Manual (até a regra 50), o que pretendo fazer na próxima semana, está em meus planos, se assuntos graves não me impedirem, iniciar uma série de comentários analíticos.
Explico. Há conceitos que não são do conhecimento geral, por exemplo, os diversos tipos de "rolo", mencionados na regra 31. Quando dos comentários, imagino, ver-me-ei forçado a tangenciar práticas "cafajestais", o que farei mais pelo dever de dissuadir os incautos.

Até gosto de usar essas palavras difíceis, mas sempre me arrependo depois, quando alguém vem me perguntar o significado. Quando as utilizo, espero que me perdoem, estou, em verdade, divertindo-me em dobro!

terça-feira, 17 de março de 2009

Sinopse



Conforme o prometido, segue sinopse, não muito reveladora, admito, do livro "O relato de Nanna", de minha autoria:


"Nanna encontra um desconhecido que parece saber muito a seu respeito. Esse ser misterioso, que veio não se sabe de onde, insiste em contar uma história que envolve Nanna e seu passado. Sua obstinação faz com que ela aceite ouví-lo, muito embora seja difícil acreditar naquelas palavras.
A realidade mostrada por ele faz com que Nanna reavalie suas principais convicções, fazendo-a mergulhar num universo de informações que em nada se assemelham ao mundo em que estava acostumada a viver."


Contribuição norte-americana

Recebi o e-mail abaixo e, apesar de não ser machista, achei bastante divertido.


Amigas feministas, não se sintam muito ofendidas, trata-se apenas de bom humor!




"At last a guy has taken the time to write this all down finally, the guys' side of the story. I must admit, it's pretty good. We always hear "the Rules " from the female side. Now here are the rules from the male side. These are our rules!


1. Men are NOT mind readers.


2. Learn to work the toilet seat. You're a big girl. If it's up, putit down. We need it up, you need it down. You don't hear us complaining about you leaving it down.


3. Sunday sports It's like the full moon or the changing of the tides. Let it be...


4. Crying is blackmail...


5. Ask for what you want. Let us be clear on this one: Subtle hints do not work! Strong hints do not work! Obvious hints do not work! Justsay it!


6. Yes and No are perfectly acceptable answers to almost every question.


7. Come to us with a problem only if you want help solving it. That's what we do. Sympathy is what your girlfriends are for.

8. Anything we said 6 months ago is inadmissible in an argument. Infact, all comments become Null and void after 7 Days.

9. If you think you're fat, you probably are. Don't ask us.

10. If something we said can be interpreted two ways and one of the ways makes you sad or angry, we meant the other one.

11. You can either ask us to do something or tell us how you want it done. Not both. If you already know best how to do it, just do it yourself.

12. Whenever possible, please say whatever you have to say during commercials.

13. Christopher Columbus did NOT need directions and neither do we.

14. ALL men see in only 16 colors, like Windows default settings. Peach, for example, is a fruit, not a color. Pumpkin is also a fruit... Wehave no idea what mauve is.

15. If it itches, it will be scratched. We do that.

16. If we ask what is wrong and you say "nothing," we will act like nothing's wrong. We know you are lying, but it is just not worth the hassle.

17. If you ask a question you don't want an answer to, expect an answer you don't want to hear.

18. When we have to go somewhere, absolutely anything you wear is fine...Really.

19. Don't ask us what we're thinking about unless you are prepared to discuss such topics as baseball or golf.

20. You have enough clothes.

21. You have too many shoes.

22. I am in shape. Round IS a shape!

Thank you for reading this. Yes, I know, I have to sleep on the couch tonight. But did you know men really don't mind that? It's like camping."

domingo, 15 de março de 2009

Domingo à noite!

Então estou aqui, num auspicioso domingo à noite!

Um pouco de preguiça...

Não vou escrever nada, mas deixo, abaixo, a letra dessa bela música, que foi gentilmente enviada pelo meu primo Fausto Luiz, diretamente do Rio de Janeiro.

Por falar nisso...-Pedro, tem notícias do Zé Carioca? Lembro que demos boas risadas na loja de conveniência Hungry Tiger, quando pedi uma "coca-litro de um litro"! Não tinha, então ficamos com uma "coca-litro de um litro e meio"!



LEMBRANÇA DE UM BEIJO

Fagner

Composição: Accioly Neto


Quando a saudade invade o coração da gente

Pega a veia onde corria um grande amor

Não tem conversa nem cachaça que de jeito

Nem um amigo do peito que segure o chororô

Que segure o chororô

Que segure o chororô

Saudade já tem nome de mulher

Só pra fazer do homem o que bem quer

Saudade já tem nome de mulher

Só pra fazer do homem o que bem quer

O cabra pode ser valente

E chorar

Ter meio mundo de dinheiro

E chorar

Ser forte que nem sertanejo

E chorar

Só na lembrança de um beijo

Chorar

sexta-feira, 13 de março de 2009

Beleza do momento


Foto tirada por Bosco e gentilmente enviada para este blog!

Olhos amarelos

Achei que a ocasião, sexta-feira 13, seria uma boa oportunidade para relembrar um fato singular, acontecido há mais de dezesseis anos.


A narrativa abaixo, datada de 2004, foi uma tentativa de guardar, de alguma forma, as impressões daquele longínquo ano de 1993. Na ocasião, bastou-me. Luciano, por sua vez, nunca ficou satisfeito e sempre lembra de detalhes não contemplados.


Prometi que, em breve, redimir-me-ei da falta. Até lá, deixo apenas o seguinte esboço, que está para completar cinco anos.

OLHOS AMARELOS

"O tempo em que tal fato ocorreu não é importante. Mesmo assim, sinto uma insuportável necessidade de afirmar que tudo se passou há onze anos. Dessa forma, fixo-me ao ano de 1993.



As circunstâncias festivas que nos fizeram ir até o interior do Estado também não são importantes. Não tinha sido a primeira nem seria a última visita que faria à terra do meu amigo Otávio, sendo que essa foi a única viagem que fiz, para lá, com Luciano.



A jornada de ida transcorreu sem nenhum acontecimento digno de nota. O mesmo se diga em relação à nossa curta permanência às margens do Paraíba, que durou talvez quatro ou cinco horas. Luciano, mantendo sua tradição, não bebeu nada. Eu, que naquela época bebia, segui seu exemplo simplesmente porque tinha de dirigir.



Estávamos voltando para casa, conversando animadamente e ouvindo a música abafada que nos era oferecida pelo rádio, pois o carro da minha mãe não possuía toca-fitas. Tínhamos deixado a cidadezinha no escuro, um escuro quase acinzentado, pressentindo que encontraríamos uma Maceió já iluminada pelos primeiros raios do sol.



Depois de um pouco de estrada, atravessamos Capela, passamos por Atalaia e pelas retas da Chã de Pilar. Não demorou e já estávamos na primeira lombada de Satuba. Satuba começou e Satuba terminou. À direita já distinguíamos a Escola Agrotécnica, meio escondida por algumas árvores e por uma fina camada de neblina. Nesse trecho sinuoso, que vai até um pouco antes de chegar à ladeira que desemboca na Capital, encontramos a criatura mais estranha e improvável que tivemos a infelicidade de contemplar em nossas vidas.



Acabávamos de sair de uma curva perigosa, portanto vínhamos em baixa velocidade. Mesmo assim pisei com bastante força no freio. Luciano, que gostava de recuar o encosto do assento e pôr os pés descalços no painel, num instante se levantou e arregalou os olhos. Estávamos os dois surpresos. Havia alguém no meio da pista.



Aproximamo-nos lentamente da figura que permanecia parada, de perfil, com a cabeça voltada para o outro lado, ou seja, para o sentido de quem vem de Maceió. Quanto mais perto chegávamos, mais acreditávamos que nossos olhos estavam nos traindo. Pensei que talvez fosse um mendigo alienado, com seu saco de utilidades e miudezas, um caçador levando espingarda, caça e alforje ou um vaqueiro madrugador carregando seus arreios sobre os ombros. A aproximação nos mostrou que não era nada disso. Parei o carro a uns dez ou quinze metros daquele ser indefinido, que não esboçou nenhuma reação com a nossa chegada.



Havia um pouco de neblina, é verdade, e o dia não estava muito claro. Lembro muito bem que os faróis do carro ainda estavam acesos. Dei sinal de luz, buzinei. Nada parecia incomodar aquela figura de proporções descabidas. Digo isso porque seus braços, que sustentavam mãos demasiadamente grandes, iam quase até os joelhos. Esses mesmos joelhos pontudos dividiam sem nenhum escrúpulo pernas fortes e escuras. Melhor dizer que eram pernas peludas, que faziam tremular restos de um tecido sujo que lhe envolvia a cintura.



Engatei a primeira marcha e decidi não esperar nem mais um instante. Não havia tempo a perder, outro carro poderia sair da mesma curva. Escolhi o lado esquerdo e prossegui muito lentamente. Seria inevitável passar bem perto da criatura.


Assim que o carro emparelhou com o aquela coisa, acelerei o máximo que pude, queimando pneus e jogando Luciano novamente para trás. Pelo retrovisor percebi que o misterioso animal ergueu seus braços descomunais e ficou saltando no mesmo lugar em que estava. Luciano, que da sua janela teve uma visão melhor, não parava de dizer que a criatura tinha enormes olhos amarelos, saltados para fora de uma cabeça grande e irregular, não sabendo definir se esta estava mais para quadrada ou para redonda. Toda vez que dizia isso, meu amigo demonstrava colocando seus próprios punhos fechados sobre os olhos, depois fazia sinal negativo com a cabeça, admitindo assim que a sua tentativa não chegava nem perto de descrever o que vira.


Do meu ângulo, durante a passagem, pude ver muito bem seus longos dedos com unhas em forma de gancho. O tórax do animal era muito largo em cima, dando a impressão de que não tinha pescoço. Parecia um amontoado de coisas, uma síntese sem critério de partes que não tinham nada a ver entre si nem com o todo. Nenhum dos muitos desenhos que fizemos depois chegou a nos satisfazer por completo.


Se Luciano tivesse me contado o que viu, eu não teria acreditado, assim como ele mesmo não acreditaria, se fosse eu o narrador. Ocorre que nós dois vimos a mesma coisa. Até hoje, onde quer que nos encontremos, sempre falamos um pouco daquela sexta-feira, início de sábado.


Coincidência ou não, o jornal do domingo, que ainda guardo, relatou dois acidentes fatais que ocorreram na mesma madrugada e no mesmo trecho, sendo que um deles se passou bem perto da entrada do Catolé."




Humberto Pimentel Costa.
Maio de 2004.

quinta-feira, 12 de março de 2009

No prelo!






Caros amigos!

É com grande satisfação que informo, a quem interessar possa, que o meu primeiro livro,"O relato de Nanna", encontra-se em fase de acabamento, nas oficinas da Editora Nossa Livraria, em Recife.


A imagem acima é a arte da capa, inclusive com o texto das orelhas.


Trata-se de um romance, possui pouco mais de duzentas páginas e foi concluído em 2004. Portanto, ficou na gaveta por exatos cinco anos, uma vez que deve ser lançado em abril, mesmo mês em que foi concluído.


Na próxima semana colocarei, no blog, a sinopse.


Mais adiante, sem dúvida, postarei um trecho selecionado.


Espero, em breve, informar a data e o local do lançamento. Estou certo de que será após a Semana Santa.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Manual de sobrevivência do homem solteiro 03

21 - Viva sozinho! Sei que custa caro e que há muitas implicações familiares. Mas, se possivel, tente. Estou certo de que, em menos de dois meses, receberei os seus agradecimentos.





22 - Não seja solitário! Ser solteiro não equivale a ser solitário. Valorize os amigos e saia com eles. Não seja visto almoçando ou jantando sozinho, na rua. Isso acaba com a sua imagem. Não tem ninguém para almoçar com você hoje? Delivery, casa da mãe ou jejum! Self service sozinho? Apenas às vezes, em horário de pouco movimento e nunca no mesmo lugar. Restaurante à la carte sozinho? Nunca. Essa regra vale, mutatis mutandis, para cinemas e bares.





23 - Sabe aquela olhada periférica que se dá, quando se chega nos locais? Evite-a. Chegue no restaurante ou no barzinho e, controlando-se, olhe apenas para o seu caminho e para as pessoas que estão com você. Isso vai gerar uma boa impressão, acredite. Ficar olhando ao redor, de mesa em mesa, ainda na chegada, não é bom. Desconsidere o que foi dito se, realmente, está procurando alguém com quem marcou de se encontrar (ela!).





24 - Uma vez sentado à mesa, pode iniciar o mapeamento do local, com parcimônia. Mas, se ela estiver com você, olhe apenas para o garçom (e para ela, claro).




25 - Seja sempre discreto, não só no vestir e no andar, mas também em palavras, gestos (votos!?) e opiniões. Siga o mesmo quanto ao seu cabelo.



26 - Diga, sempre, que ela está magra e que come pouco!



27 - Não caia na esparrela de falar apenas de você! Fale o mínimo de si e, apenas, se ela tiver perguntado.



28 - Interesse-se pelas coisas que a atraem, ainda que seja o carro novo, a reforma do quarto, windsurf, informativos dos Tribunais Superiores ou filmes indianos.



29 - Use óculos escuros, sempre que possível. Quando for falar com ela, tire os óculos escuros. Não creio que seja necessário explicar.



30 - Golden rule (toujours): jamais deixe-a saber o quanto é importante para você.

terça-feira, 10 de março de 2009

Diálogos 03

Alguém) - Humberto, você vai?

Eu) - Nem sei ainda, vou ver...

Amigo da Onça) - Vai sim, ele é como isopor: a gente enche de cerveja e leva para qualquer lugar!

Genética

Aconteceu comigo, em 1996, entre os meses de agosto e outubro.


Estava trabalhando em Igaci, Município Alagoano, localizado entre Arapiraca e Palmeira dos Índios, quando uma senhora, já com uma certa idade, aproximou-se:


- Como o senhor é alto! (ela me chamou de senhor mesmo!)... - O que foi que o senhor fez para crescer tanto?

Sorri, meio satisfeito, meio constrangido...

- Acho que foi genética mesmo - respondi.

- Onde é que encontro? Vou dar para o meu neto, ele está precisando crescer.

Fiquei calado, não poderia fazer outra coisa, mas tive vontade de rir.

Passado o efeito do aspecto cômico (ela queria colocar genética, com leite, para o seu neto tomar e crescer mais um pouco), veio a rebordosa (a ignorância do nosso povo, sofrido, do interior).

Agora que recordo desse fato, acontecido há quase 13 anos, também tenho vontade de rir, mas, no final, fico com ainda mais vontade de chorar, como fiz naquele dia, sozinho e de portas fechadas, observando uma roça de milho que ficava bem abaixo da minha janela.

Essa história me fez lembrar de uma música que ouvi ontem, indo para o show do Pe. Fábio (eu fui! Talvez, depois, escreva algo sobre essa experiência). Plebe Rude, mas cantada pelo Biquini Cavadão:


ATÉ QUANDO ESPERAR

(André X/Gutje/Philippe Seabra)

Não é nossa culpa
Nascemos já com uma bênção
Mas isso não é desculpa
Pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Até quando esperar
E cadê a esmola que nós damos
Sem perceber que aquele abençoado
Poderia ter sido você
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Até quando esperar a plebe ajoelhar
Esperando a ajuda de Deus
Até quando esperar a plebe ajoelhar
Esperando a ajuda de Deus
Posso
Vigiar teu carro
Te pedir trocados
Engraxar seus sapatos
Posso
Vigiar teu carro
Te pedir trocados
Engraxar seus sapatos
Sei
Não é nossa culpa
Nascemos já com uma bênção
Mas isso não é desculpa
Pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Até quando esperar
A plebe ajoelhar
Até quando esperar
A plebe ajoelhar
Esperando a ajuda do divino Deus

segunda-feira, 9 de março de 2009

Taking coffee seriously 02

Um dos grandes inimigos do café é o oxigênio!

Como já ressaltei alhures, muitos fatores podem derrotar o seu café. O oxigênio, por sua vez, é uma influência externa que, seguramente e aos poucos, vai estragá-lo. Não há como fugir do oxigênio, não é verdade? Ele está em toda parte, afinal.

Isso explica porque o café, logo quando abrimos a embalagem, é muito melhor. Assim, não se iluda, o seu café perde qualidade à cada dia.

O que fazer?

O ideal é ter um moinho de café. Isso mesmo, um moedor. Dessa forma, você poderá comprar o café em grãos e moer a exata quantidade que vai utilizar, naquele mesmo momento. Isso porque o pó de café, ou seja, o grão já moído (lembrei do Forró do Moído, pode? Ganhei um CD de cortesia, num restaurante. A música mais famosa é aquela que diz: "Tá com medo de amar é?!!"... espero que o meu leitor não a conheça), bem, voltando ao assunto... o pó do café tem mais área de contato com o ar do que o grão, noutras palavras, estraga mais rápido. Em síntese, o café estraga com o tempo, todo ele, mas, em grãos, a parte que está dentro do grão, que não entra em contato com o ar (oxigênio) demora mais a deteriorar.

As embalagens de café gourmet, geralmente em grãos, possuem uma válvula aromática, que permite que entre ar (exceto oxigênio) onde se encontra o grão. Dessa maneira, quando apertamos o pacote, podemos sentir o aroma do café, a partir do ar que sai lá de dentro. Mas, quando abrimos o pacote, acelera-se o processo de oxidação.

Por esse motivo, após aberta a embalagem, guarde o restante do café em um pote hermético, de modo a impedir a entrada de ar. Mesmo assim, lamento informar, seu café em breve estará perdido. Geladeira? Não faz diferença. A umidade vai estragá-lo ainda mais rápido. Freezer? Conserva bem mais, pois é um ambiente seco, mas o vaso vedado ainda será necessário.

Pelo que tenho observado, em duas semanas o grão de café torrado, ainda que guardado hermeticamente, perde quase todo o sabor e aroma. Isso porque, no meu caso, abro o recipiente de duas a três vezes por dia, para retirar café.

Vai uma dica: procure comprar o grão em embalagens menores, se o seu consumo é pequeno. Há, no mercado especializado, embalagens de 250 e 500g.

Para maiores detalhes, remeto o interessado ao seguinte artigo:


Desisti de escrever sobre Dworkin e os princípios jurídicos. Ele vai mesmo continuar sendo mais citado do que lido. Não tenho como salvá-lo disso.

A música abaixo não tem nada a ver com café, mas é bem legal.

A-HA
This Alone Is Love
(Magne Furuholmen/Pal Waaktaar)

This alone is love
No small thing
This alone is love
that my love brings
And all of us
Who travelling by trap-doors
Our souls are a myriad of wars
And I'm losing everyone
It will make my least breath pass out at dawn
It will make my body dissolve out in the blue
Oh baby, what can we do

domingo, 8 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher

Fui instado a escrever algo sobre as mulheres, no dia de hoje, Dia Internacional da Mulher!



Que desafio, pensei. Prometi tentar.



A primeira coisa que me veio à mente, ainda ontem, foi que deve haver milhares de pessoas escrevendo sobre as mulheres. Isso, confesso, não me agradou nem um pouco.



Não que eu ache que as mulheres não mereçam, não é isso. São duas as razões da minha insatisfação: 1) A existência do Dia da Mulher, por si só, já demonstra a necessidade de uma maior valorização das mulheres que, injustamente, ainda sofrem bastante na maioria das sociedades em desenvolvimento, como a nossa. Isso sem falar na própria origem do Dia Internacional da Mulher, ou seja, o histórico e lamentável incêndio da fábrica; 2) A segunda razão do meu desconforto é mais óbvia e menos altruista: não gosto de escrever sobre o que todo mundo escreve. Talvez a minha vaidade e, como diz o Eclesiastes "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade", alerte-me acerca do perigo das comparações. Estou, afinal de contas, absolutamente convencido de que, senão todos, pelo menos a maioria dos que escrevem sobre as mulheres, em seu dia, ou mesmo em qualquer outro dia, o fez, o faz ou o fará muito melhor do que eu.



Contrariando opiniões esparsas e, a meu ver, injustificáveis, não sou um especialista, nem um quase especialista, no assunto.



Sei muito pouco, mas sei que as mulheres são diferentes dos homens.



Quando digo diferente, não quero dizer pior ou melhor. Estou dizendo, apenas, que não são a mesma coisa. Por mais redundante que possa parecer, mulheres e homens são seres de gêneros diversos.


Antes de prosseguir, devo ressaltar que homens e mulheres têm a mesma dignidade humana, devem receber a mesma educação, ter as mesmas oportunidades de trabalho e perceber remuneração equivalente etc.



Foi Aristóteles quem disse, quando cuidou da igualdade, que devemos tratar os desiguais desigualmente, na medida da sua desigualdade. A isso dá-se o nome de eqüidade.

Então, não precisaria ir muito longe para concluir que, nos aspectos em que são iguais, deveriam, homens e mulheres, ser tratados da mesma maneira. Estar pensando nisso, agora, comprova que a realidade não corresponde às nossas expectativas.

Ocorre que há uma outra perspectiva, que vem a ser, justamente, os pontos em que somos desiguais. Não pode haver nivelamento nas desigualdades. Noutras palavras, temos que continuar carregando as bagagens, pois somos, fisicamente, maiores e mais fortes.

Não creio que, afora poucas variações, possa-se dizer muito mais do que isso.

As diferenças são naturais e é bom que existam!

Gostaria, apenas, de deixar a minha homenagem às mulheres que, por saberem das desigualdades, sabem ser tolerantes com as nossas diferenças.

Espero que a minha mãe goste.

Elaine, minha irmã, deve ter escrito algo muito melhor em seu blog (http://www.dialogandocomomundo.blogspot.com/). Vi que ela fez um texto, mas ainda não li, para não ser influenciado ou, pior, desistir desta postagem.

sábado, 7 de março de 2009

Diálogos 02

Colocar no blog ou não? Eis a questão...

Acho que o rum, do sorvete de creme com passas ao rum, deu-me a coragem necessária.

Além do mais, eu não poderia deixar que essas preciosidades fossem perdidas, para sempre, na minha fraca memória.


Um desses diálogos aconteceu comigo, há algum tempo. O outro, com um amigo meu, que não autorizou a divulgação do seu nome, apenas do conteúdo do incidente.


Diálogo 01 - (Pessoalmente):





- Gostei de você!


- Muito obrigado!


- Nunca gostei de homem bonito mesmo...


- Que sorte a minha!





Diálogo 02- (Msn)





- Posso ligar mais tarde?


- Você não tem o número...


- Verdade... diga, por favor...


- 0101-0202.... mas nós vamos "apenas conversar", ok?


- ?????? (e o que mais poderia fazer, por telefone?)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Outro conto pequeno?

Como hoje não estou nem um pouco inspirado, mas recebi um elogio que me tocou, deixo mais um texto escrito em priscas eras:


"ILUSTRE DESCONHECIDO


Quando entrei naquela banca de revistas, sábado passado, não buscava nada além de um refrigerante, como costumava fazer há muito tempo, antes de voltar para casa. Sou dado a roteiros e rituais, portanto minhas semanas não diferem muito umas das outras. Qualquer mudança de programação me aborrece profundamente. Sempre fui assim, todos sabem. Alguns amigos chamam a isso enquadramento, eu prefiro utilizar a palavra método.
Seja como for, nesse sábado me vi forçado a modificar os meus hábitos. Ainda não estou plenamente recuperado, não nego, mas alguma coisa aprendi com o incidente. Pelo menos oxigenei um pouco a minha rotina.
Tão logo pus os pés no tablado metálico, percebi um sujeito me observando. Não dei muita atenção, afinal não há nada demais em se olhar para quem chega num ambiente tão pequeno. Só que ele estava sendo muito insistente. Era um tipo comum, com aproximadamente a minha idade. Usava óculos também, mas tinha uma barriga tão grande que fez com que me sentisse mais jovem.
- Tudo bem rapaz, quanto tempo? – Falou sem cerimônia.
- Tudo. – Respondi, não tendo a menor idéia de com quem estava conversando. De onde eu o conhecia, afinal?
Ele disse o meu nome e perguntou por onde eu tinha andado. A situação era crítica. Primeiro porque sabia o meu nome, segundo porque não me deu nenhuma informação que ajudasse a descobrir sua origem. Por fim, queria saber por onde eu andava, ou seja, achava que tinha intimidade para isso. Se pedisse para que lhe contasse as novidades, seria o caso de perder a compostura. Eu quase disse que andava pelos mesmos lugares, que todas as semanas estava naquela bendita banca, às cinco e meia da tarde. Mas a prudência me acudiu oportunamente.
- Pois é... e você? – Tentei ganhar tempo.
- Tudo na mesma... mas acho que você não se lembra de mim, lembra?
Minha resposta demorou. Até o último instante não sabia o que falar. Dizer a verdade ou mentir tinham implicações desagradáveis. Aquele deveria ter sido um dia normal. Optei por não o ofender, disse que era claro que o conhecia, assumindo todos os riscos da decisão. Ele sorriu satisfeito.
Apertamos as mãos e nos desejamos um bom fim-de-semana. Tinha funcionado, eu estava livre daquele ilustre desconhecido.
Mas a mente, essa faculdade por vezes autônoma e cheia de vontades, cobrou de mim uma explicação. Quem seria ele? A pesquisa vasculhou cantos e recantos, percorrendo memórias e lembranças, numa busca cansativa e inútil. Perdi a concentração e terminei não comprando o que queria. Um enorme sentimento de culpa me invadiu. Decidi que não passaria mais por isso.
A partir daquele dia determinei a mim mesmo que não compraria mais refrigerantes na banca de revistas."

Em junho de 2003.

Em busca da minha voz...

Desde que iniciei este blog venho experimentando, instintivamente, novas perspectivas. Sempre soube que, se um dia tivesse um desses brinquedos (o blog é lúdico, para mim), não poria nada muito sério e, se colocasse algo aparentemente sério, seria justamente para me divertir com isso. É o que estou fazendo agora.

Ainda assim, não estou bem certo a respeito da voz que quero imprimir. Por um instante, fiquei tentado a escrever "voz que devo imprimir", fazendo-me, mais uma vez, voltar aonde eu não queria chegar, ou seja, à seriedade e ao compromisso.

Quando digo que ainda não encontrei a minha voz, não estou dizendo, absolutamente, que já a tenho, dentre tantas outras. Ou seja, que já disporia desse timbre, faltando-me, apenas, escolhê-lo. Nada mais distante da realidade. Estou quase tão perdido quanto no primeiro dia.

Não devo encontrar o que procuro, bem sei. Tenho para mim que a minha voz, pelo menos para este espaço virtual, terá de ser criada a partir de tentativas e erros.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Manual de sobrevivência do homem solteiro 02

11 - Malhe! Malhe sempre, mas não malhe demais. Pode faltar à academia, vez por outra, mas nunca perca o vínculo. Pague, se possível, todo o semestre. Isso vai obrigá-lo a ir. Não ter barriga pendurada já é um trunfo. Whey Protein e cereais são ótimos, mas use-os com moderação, pois provocam gases em algumas pessoas. Bomba? Em hipótese alguma.

12 - Não use roupas que o façam parecer ridículo. Na academia, evite camiseta tipo "machão". Camisa pólo, somente durante o dia (há controvérsias). À noite, use camisetas contemporâneas, mas não muito justas e sem bordados, babados ou pedaços de tecido colados ou pendurados. Nem pense em gola rolê! Bermudas, apenas se não tiver as canelas finas. Roupas rasgadas, poídas, furadas ou manchadas, em especial cuecas e meias, devem ser descartadas sumariamente. O presente rol é meramente exemplificativo, use o bom senso e pergunte à sua irmã, prima ou amiga.

13 - Tome cuidado em que pisa! Sapatos e tênis são itens importantes e a maioria das mulheres observa. Evite tênis branco, para não parecer o Coelho Perna-Longa! Sapato: antes velho do que sujo. Chinelos, evite-os fora de casa. Descalço? Não vou responder. Use spray anti-chulé!

14 - Precisa de óculos? Use lentes de contato! Óculos apenas em casa e no trabalho. Aceite isso dogmaticamente!

15 - Pode usar o paletó sem a gravata, mas nunca a gravata sem o paletó.

16 - Nunca, eu disse nunca! I mean, nunca mesmo! Nunca use aquela camiseta de bloco de axé, nem na academia, nem em lugar algum, ainda que tenha sido do camarote mais caro do Carnaval Bahiano. Livre-se dela depois do show.

17 - Sunga, jamais!

18 - Não ponha "base" nas unhas, por favor, mas mantenha-as cortadas, limpas e não roídas.

19 - Não use a camisa ou a camiseta "ensacada", ou seja, por dentro da calça, que espero que seja jeans. Não nos envergonhe. Não pareça um almofadinha, em síntese! Então você tem menos de 70 anos de idade e usa a calça à altura do umbigo? Ok, o Senhor poderia, por gentileza, sair do meu bolg? Obrigado.

20 - Golden rule (encore une fois): jamais deixe-a saber o quanto é importante para você.

Volta ao trabalho x lembranças afetivas

Voltando ao batente, curtindo uma chuva inspiradora, escutava Stay on these roads, do A-ha. Abaixo colocarei a letra.

Adoro essa banda, que é do tempo em que as varas da Justiça do Trabalho ainda se chamavam juntas de conciliação e julgamento. Lembrei do comentário que Elaine, minha irmã acadêmica, fez em seu blog, sobre a música Hunting high and low, ao qual remeto o meu eventual e indulgente leitor (http://www.dialogandocomomundo.blogspot.com/). Com essa referência, veio-me à mente o termo "interblogaridade", que, se ainda não existe, acabei de cunhar.

O cd que tenho, por incrível que pareça, foi um presente do Pisca! Recordei, de imediato, que o Pisca e o Daniel foram ao show do A-ha, em Recife. Gostaria de ter ido também. Não aguento mais o Pisca falar que foi o melhor show de todos os tempos.

No trabalho, revi bons amigos e colegas. Conversei com várias pessoas mas, sem dúvida, o ponto alto foi meu breve encontro com o Elício.

Ele, que está relendo a obra de Graciliano Ramos, perguntou o que eu andava fazendo e como tinha passado. Meu amigo é um perfeito cavalheiro. Discutimos um pouco de literatura, no corredor do 4º andar. Aprendi um pouco de literatura, melhor dizendo. O fato é que, alfim, concordamos com J.L. Borges, em pelo menos dois pontos: ler é uma forma de felicidade e que devemos nos orgulhar mais do que lemos que do que escrevemos.

São pequenas coisas, como esse encontro, que tornam a vida interessante. Numa postagem anterior, utilizei a expressão "lembranças afetivas". Agora vejo que estava certo. Então é isso, vivo, sinto, anoto no Moleskine, filtro e trago para o blog, quando possível.

Na sexta-feira passada recebi um e-mail poético:

" Muito boa noite, Humberto
Noite de sexta-feira faz vibrar os neurônios, hormônios e "coisas" do gênero. Fico imaginando essa orla refrescante, pulsando odores e sabores, despertando o agito frenético de músicas belíssimas. Gente idem. Aguçado olhar encontra point onde toda a turma está reunida, esperando uma impulsão da comprimida mola da cerveja gelada (ou, no seu caso, do vinho fresco). Pronto, está dada a partida para uma magnífica noite de pura diversão. Relaxe, vibre, viva com pausas contínuas.
Um abraço
Fausto Luiz"
Eu não poderia deixar uma mensagem como essa ser perdida, para sempre, na minha caixa de e-mails. Pedi e recebi autorização para publicá-la aqui.

Segue a letra prometida:

A-ha
Stay On These Roads
(Magne Furuholmen/Morten Harket/Paul Waaktaar-Savoy)

The cold has a voice
it talks to me
Still-born by choice
and it airs no need to hold.
Old man feels the cold
oh
baby
don't
'cause I've been told:
Stay on these roads
we shall meet
I know
Stay on
my love
we shall meet
I know
I know.
Where joy should reign
these skies restrain
Shadow your love
- the voice trails off again
The voice trails off again.
Old man feels the cold
oh
baby
don't
'cause I've been told:
Stay on these roads
we shall meet
I know
Stay on
my love
you feel so weak
be strong.
Stay on
stay on
we shall meet
I know
I know
I know
my love
I know.
Feel the cold
winter's calling on my home
yeah.
Stay on these roads
we shall meet
I know
Stay on
my love
we will meet
I know
So stay on! I know!
Stay
my love
stay on
we will meet
I know
I know!

domingo, 1 de março de 2009

Fim das férias!

Hoje é o meu último dia de férias. Mas, por ser um domingo, nem me considero mais em férias. Além disso, o calendário mostra que já estamos no mês de março.


Realmente precisava descansar.


Agora estou melhor, apesar de não ter feito tudo o que queria: não arrumei todas as gavetas, não criei o lattes e não emagreci, entre outras coisas. Por outro lado: fiz novos amigos, li um pouco e criei este blog (nesse misto de última semana de férias e carnaval chuvoso).


Estou escrevendo isso porque, acredito, não poderei mais postar com tanta frequência, tendo em vista a volta ao trabalho e o surgimento de novos projetos, que vão demandar alguma atenção da minha parte.


Ontem, em um aniversário muito concorrido, colocaram uma garrafa de wisky na minha frente. Olhei para a garrafa, mais de uma vez. Era escocês! Lembrei que não tenho tido muita sorte com esses descendentes da Escócia. Chamei o garçom e pedi uma cachaça: "- Traga uma boa, envelhecida, mas não muito cara, por favor."

Bem, ele trouxe uma mineira, claro. Salineira, salvo engano. Por fim, orgulhoso de seus conhecimentos e, de certa forma feliz por ter feito a escolha para mim, acrescentou: "- Quem faz é o filho do fabricante da Havana" e sorriu.

A cachaça era boa mesmo! Tomei pura.