quarta-feira, 21 de abril de 2010

Música!

VIOLÊRO



Vô cantá no canturi primero

as coisa lá da minha mudernage

que mi fizero errante e violêro

eu falo séro i num é vadiage

I pra você que agora está mi ôvino

Juro inté pelo Santo Minino

Vige Maria qui avé o que eu digo

Si fo mintira mi manda um castigo



Apois pro cantadô i violero

Só hai treis coisa nesse mundo vão

Amô, furria, viola, nunca dinhêro

Viola, furria, amô, dinheiro não



Cantadô di trovas i martelo

Di gabinete, ligêra e moirão

Ai cantadô já curri o mundo intêro

Já inté cantei nas portas de um castelo

Dum rei que si chamava di Juão

Pode acreditá meu cumpanhêro

Dispois di tê cantado u dia intêro

O rei mi disse fica, eu disse não



Si eu tivesse di vivê obrigado

Um dia inantes dêsse dia eu morro

Deus feis os homi e os bicho tudo fôrro

Já vi inscrito no Livro Sagrado

Que a vida nessa terra é u'a passage

I cada um leva um fardo pesado

É um insinamento qui derna mudernage

Eu trago bem dent'do coração guardado



Tive muita dó di num tê nada

Pensando que êsse mundo é tud'tê

Mais só dispois di pená pelas istrada

Beleza na pobreza é qui vim vê

Vim vê na procissão u Lôvado-seja

I o malassombro das casa abandonada

Côro di cego nas porta da Igreja

I o êrmo da solidão das istrada



Pispiano tudo du cumêço

Eu vô mostrá como faiz a pachoia

Qui inforca u pescoço da viola

Rivira toda moda pelo avêsso

I sem arrepará si é noite ou dia

Vai longe cantá o bem da furria

Sem um tustão na cuia u cantadô

Canta inté morrê o bem do amô.



Composição: ELOMAR

Um comentário:

  1. Alô Humberto.

    É bom saber que você gosta do Elomar. Como lhe falei rapidamente, tenho o disco completo no qual esta música está inserida; se chama "Das barrancas do Rio Gavião", fiz uma cópia prá em MP3 e está à sua disposição.
    Tenho outros discos do Elomar e, no mesmo estilo, Helena Meireles, Xangai etc.

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