quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Expedição Chui 2002 - 04 - Santos & São Vicente - SP

Sei que já faz um bom tempo desde que parei de contar a história da viagem. Prometo que vou tentar escrever, quem sabe, um capítulo por semana.
Bosco e Pedro, lamentavelmente, não confiam mais em minhas promessas, principalmente se forem relacionadas a alguma viagem futura. Não tiro a razão deles, pois sei que fiz por onde, pelo menos três vezes. Aliás, nesse sentido, tem um ditado que nunca esqueço: "Se uma coisa aconteceu uma vez, pode ser que nunca mais aconteça de novo. Mas, se aconteceu duas vezes, pode estar certo de que acontecerá novamente e não há qualquer razão para se supor que não continue acontecendo, indefinidamente".
Entretanto, como este relato não diz respeito a uma viagem futura, mas a uma viagem do passado, pode ser que as coisas sejam diferentes.
Primeiro um desabafo... (e quem me conhece sabe que não suporto a palavra "desabafo", muito menos o verbo "desabafar". Quer me irritar? Encontre-me pensativo, ou mesmo triste e me diga, com a melhor intenção: "desabafe!"). São essas e outras idiossincrasias que nos tornam singulares.
Voltemos ao famigerado desabafo (eca!): Quando comecei a contar a viagem, que ocorreu há mais de sete anos, fiquei empolgado com a expectativa de receber comentários complementares do Hsu e do Daniel. Pensei que eles iriam relembrar as resenhas e as marmotagens que eu eventualmente tivesse esquecido. Mas, como podem comprovar, Hsu mal se manifestou, enquanto Daniel não deu o ar da graça. Fiquei aborrecido, ainda que levemente, pois pensava que seria diferente. Todos temos nossas susceptibilidades.
Ok, agora a viagem.
Onde estávamos mesmo?
Ah! Atravessamos o Rio de Janeiro, Capital, tomamos café da manhã num posto cheio de caminhões. Paguei os sanduíches. Abastecemos? Acho que sim, não lembro. Pegamos a Rio-Santos, ocasião em que lembrei da música do Roberto Carlos "As curvas da estrada de Santos...". São muitas curvas mesmo. Muito calor, alguma chuva, Angra, Parati, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Guarujá etc e tal, chegamos ao ferry boat, fotos abaixo:


1º de Abril, Dia da Mentira. Seguramente algum de nós contou alguma mentira bem legal, pena que não lembro.
Por outro lado, lembro que após as belíssimas curvas do litoral paulista, enfrentamos algumas retas com excelente pavimento. Estou certo de que passamos por trechos privatizados. Recordo, com uma pontada de nostalgia, que motos não pagavam pedágio. Salvo engano, e creio inclusive que já salientei isso, pagamos pedágio apenas na Bahia, na Estrada do Coco, antes da Linha Verde. As coisas devem estar diferentes agora nesse imenso país.
A foto acima não me traz boas recordações. Primeiro porque eu estava muito cansado, muito mesmo. Minha moto precisava de reparos, ajustes e adaptações, uma vez que se tornara bastante desconfortável pilotar com o barrulho ensurdecedor do escapamento furado e, ergonomicamente, encontrava-me em maus lençóis: a posição semiesportiva da Bandid N1200 fez mal às minhas pernas e costas.
Estávamos nessa lanchonete, situada à beira-mar de São Vicente, quando falei para os meus companheiros que iria ficar por ali mesmo, ou seja, não seguiria com eles até o Uruguai. Verdade! Eu não sabia se os acompanharia na volta ou se despacharia a moto, de qualquer forma, retornando de avião para casa.
Está rindo? Pois foi a mais pura verdade. Entreguei os pontos, desisti. Aquele era o fim para mim, pensei...
Outra razão para não gostar da foto é que, nessa lanchonete, comemos um prato gigantesco de batatas fritas. Será que Daniel e Hsu lembram disso? Eu, particularmente, recordo muitíssimo bem, visto que, ao chegar ao hotel, constatei da pior maneira que meu estômago não aceitaria digerir aquele inesperado, inoportuno e imenso aporte de óleo de soja. Vomitei tudo. Peço desculpas por essa passagem escatológica.

Oficina da Suzuki. Santos ou São Vicente? Não lembro. Para quem não sabe, Santos e São Vicente são municípios, ou melhor, cidades limítrofes. Não há solução de continuidade urbana. Noutras palavras, parece uma única cidade.
Observe que estamos com camisetas iguais, brindes da Suzuki.
Eita... não estamos na oficina da Suzuki. Isso é uma loja de pneus, agora lembrei melhor.
Esperei muito tempo para dizer isso: "Troquei o pneu dianteiro, Hsu trocou o traseiro!". Engraçado, não? Tenho essa piada na manga, para sempre, pois realmente troquei o pneu dianteiro e o Chinês trocou o pneu traseiro da sua moto.
- Hsu, foi mal! Não tem aquela história de que se perde o amigo e não a piada?
Daniel não trocou pneu, salvo engano já os tinha trocado em Maceió. Além disso, os pneus das Bandits são mais macios, então gastam mais rápido. Os pneus da Marauder, uma moto custom, são mais estradeiros e menos esportivos, portanto mais duros, rendem mais. As trocas de pneus, minha e do Hsu, já estavam programadas.








Nas quatro fotos acima está registrado nosso primeiro encontro com os MotorsVivos, Motoclube de São Vicente-SP.
Nas duas últimas fotos, o sujeito da extrema direita é o nosso amigo Gouveia. Sim, isso mesmo, Gouveia, mesmo nome do nosso outro amigo de Linhares-ES.
O Gouveia de São Vicente, na ocasião, era o Presidente do MotorsVivos. Mantivemos contato prévio, via internet, fato que, não apenas em Santos e em São Vicente, fez com que fossemos muito bem recebidos pelos mais diversos motoclubes do caminho. Será uma satisfação, sempre renovada, recordar e destacar a hospitalidade motociclistica que encontramos em nossa rota.

Passamos um bom tempo em Santos. Salvo engano, quatro a cinco dias.
04 de abril, meu aniversário.
A foto acima, sem dúvida tirada pelo Gouveia, foi em frente ao hotel em que nos hospedamos. Lembro que o hotel não era bom, mas também não era muito ruim. Seria, digamos, um hotel "turístico", algo entre duas e três estrelas. Duas estrelas e meia, no máximo.
Nossa demora em Santos foi devida a vários fatores, dentre eles duas idas a São Paulo, Capital. Não fui da primeira vez, posto que estava meio detonado, como diziam. Eu ainda estava naquela de desistir de seguir em frente etc.
Fui a Sampa da segunda vez, inclusive dormimos lá, no bairro da Liberdade, no hotel Banri. Passeamos na Capital Paulista, compramos as peças de que precisávamos e visitamos uma feira no Anhembi, salvo engano. Meus primos Roberto e Rodrigo estavam por lá, expondo seus produtos.
Hsu comprou um radiador novo, pois o dele havia furado. Comprei um novo escapamento e pedaleiras que adatei no matacachorro. Foram essas peças, as pedaleiras e o scap, que me possibilitaram seguir adiante. Como num passe de mágica, as pedaleiras "adiantadas" solucionaram as dores nas pernas e nas costas, enquanto que a surdina inox fez a moto ficar uma delícia de silenciosa. Vivendo e aprendendo.
Já que falei do hotel de Santos, agora vou dar a exata idéia do que eu quis dizer com inesquecível e calorosa hospitalidade: os MotorsVivos simplesmente pagaram as nossas despesas no hotel! Quando digo despesas, incluo também as diárias.
Essa foto deveria estar acima, junto com as demais do dia 03 de abril!
Destaque para o Daniel, com outra das camisetas que ganhamos da Suzuki.
O sujeito que está ao lado do Daniel, também agachado, se não me falha a memória, era o que os MotorsVivos chamam de "ovo". "Ovo" é o aspirante, graduado, a integrante do motoclube. Quando se pretende ingressar no motoclube deles, segundo nos disseram, passa-se um tempo apenas os acompanhando. Isso sem esquecer que, para pleitear o ingresso, tem de ser indicado por um integrante efetivo. Pois bem. Passa-se um tempo sem qualquer identificação. Posteriormente, o aspirante recebe um colete de couro, sem nada. Depois de algum tempo, o referido colete de couro recebe um bordado branco e oval, nas costas, em formato de ovo. Dai a denominação "ovo". Esse bordado oval e branco nada mais é do que o pano de fundo de um outro bordado, que será concedido ao aspirante que lograr efetivação, por bom comportamento e companheirismo. Assim, terminado o rito de passagem, o novo sócio do motoclube recebe o bordado do brasão dos MotorsVivos em cima do fundo branco, ou seja, do ovo.
Espero não ter dito besteira, mas acho que foi isso que o Gouveia nos informou. Seria ótimo que o Hsu e o Daniel complementassem as informações, mas perdi as esperanças...
A foto acima é na sede dos MotorsVivos. Muita gente, todo tipo de moto, inclusive scooters como Honda Biz etc. O ambiente é altamente familiar, verdadeira irmandade. Nós nos sentimos em casa, todos queriam conversar e tirar fotos conosco. Noite inesquecível, não nos deixaram pagar nada, como sempre.

Daniel tomando pepsi. Não devia ter coca-cola, claro!
Muitos motociclistas, principalmente de motos custom, gostam de usar coletes, como os da foto acima. Costumam colocar pins metálicos, bordados etc.
Eu, particularmente, nunca tive vontade de possuir um desses.
Mais coletes e mais pins.

Nosso amigo "ovo", à esquerda.
Um motociclista acidentado, à direita.

Gouveia, o Presidente, com dois de seus companheiros.
Eles estão tomando cerveja, a foto não nega. Aproveito a ocasião para salientar que eu, Hsu e Daniel não bebemos quando estamos de moto. Hsu e Daniel, aliás, não bebem em hipótese alguma.

Mais MotorsVivos.

A campeã dos pins metálicos, com seu colete que mais parece um vestido.
Daniel e sua pepsi.
Eu sem colete, como sempre, mas com o celular na cintura... ridículo, hoje eu sei.
Em frente a sede dos MotorsVivos. Motos de todos os tipos e tamanhos.

Essa foto é historica. O cidadão de branco é o "Seu" João, se não me engano quanto ao nome. O outro, de azul marinho, seu ajudante.
Seu João é o que poderíamos chamar de mago da mecânica de motos: conseguiu regular os motores das nossas motos. Pode parecer simples, mas não é, posto que as motos eram carburadas. Para se ter uma idéia, os própios mecânicos da Suzuki, em mais de uma ocasião, não conseguiram fazer com que as nossas máquinas trabalhassem "redondinhas", como ficaram após a intervenção desse supermecânico.
Em uma oficina rústica, de ponta de rua, mas com equipamentos adequados, Seu João nos fez rodar, até o fim da viagem, com muito mais economia e desempenho. Daniel poderia explicar melhor o procedimento adotado. Lembro que demorou muito e não foi barato.
Jantamos com o Gouveia, em 04 de abril, em uma churrascaria.

Essa foto também deveria estar lá em cima.
Mas, já está tarde e estou cansado.
Quis postar hoje mesmo e escrevi tudo meio rápido e numa única sentada. Poderia ter sido mais detalhista, mas a vontade de postar logo foi mais forte.
Perdoem eventuais erros de Português ou palavras truncadas. Decidi que não vou revisar nada, pelo menos não por hoje...

4 comentários:

  1. Adorei a narrativa, como sempre! Guarde mesmo os detalhes e deixe para contá-los em um livro!

    Beijo da irmã,

    Elaine

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  2. Humberto,

    Que viagem fantástica! Reunir amigos e sair cortando o Brasil nas rodas de uma motoca! Como sou um mero condutor de lambreta, que flana pelas redondezas apenas pelo prazer de sentir o vento acariciar meus cabelos, fico aqui vibrando com as aventuras que vocês viveram.
    Concordo com a Elaine: a aventura deve ficar documentada em um belo livro de viagem.
    Parabéns!
    George

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  3. Meu amigo Humberto, quero pedir desculpas por não ter feito comentários antes, mas posso garantir que vinha acompanhando todas as postagens aqui em seu blog, e prometo comentar em todos os relatos de nossa viagem.

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  4. Ah meu filho,que beleza,já estava com saudade ,pois vc disse que ia comentar toda a viagem e deu uma paradinha,mas agora deslanchou,sei que vai ter mais novidades,tenho certeza que seus companheiros de viagem vão coloborar com mais assunto dessa tão inesquecível aventura.Está muito bonita a narrativa...continue, estou acompanhando.Beijos da Mamãe

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Muito obrigado pelo comentário!