terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Taking coffee seriously 01





Barista é o sujeito que entende de café. Ou melhor, barista é o sujeito que entende muito da preparação de cafés, sobretudo os especiais. Não sou um barista, claro, mas gosto de café e levo esse hobby a sério.
O objeto ao lado se chama tamper e, os bons, são feitos em aço inox ou alumíno, sendo os primeiros, a meu ver, melhores. O meu é em inox, por supuesto. Mas, para que servem os tampers? Servem para calcar o café, depois de moído, no porta-filtro. Estou falando de café espresso, naturalmente. (espresso, café feito com água sob pressão; expresso, café feito rapidamente... isso foi uma piada, sabia?).
O café é uma das commodities que mais sofrem influências em sua qualidade final: clima, colheita, processamento, torrefação, armazenamento, transporte... tudo isso pode arruinar o café.
Como se não bastasse, mesmo um café de primeiríssima linha pode ser prejudicado pela qualidade da água, da máquina e da mão de quem o prepara. É ai que entram a granulometria (pó mais fino ou mais espesso), a pressão e a temperatura da água e o aperto que o pó leva, com o tamper.
Eu sei que esse papo de café está meio chato.
Para finalizar, pelo menos por ora, sobre café, uma dica: peça espresso curto! O café curto tem menos cafeína (mais água, mais cafeína). Além disso, os óleos ricos em aroma e sabor são extraídos logo na primeira passagem da água. Trata-se de um café mais licoroso, bla-bla-bla...
Na verdade, eu não queria falar sobre café.
Hoje, quando estava tomando um belo Sul de Minas, não o tradicional Mogiana, veio-me à mente essa expressão: I take coffee seriously! O duplo significado me agradou (levo o café a sério e tomo café seriamente).
Lembrei, de imediato, do livro de Ronald Dworkin, Taking Rights Seriously! Parece incrível, mas era disso que eu queria falar. Como entender os meandros do nosso pensamento?
Segundo os meus planos, falaria que Dworkin, como Kelsen, era mais citado do que lido. Eu sempre quis dizer isso!
Falaria dos princípios, inclusive da célebre passagem de Celso Antônio Bandeira de Mello, aquela que diz que violar um princípio é mais grave do que desrespeitar uma regra.
Mas... fiquei cansado. O café trouxe, ao invés de tirar-me o sono.
Então, paro por aqui. Deixo esse belo soneto de Machado de Assis:
CÍRCULO VICIOSO
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
"Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
"Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!
"Mas o sol, inclinando a rútila capela:
"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"
Machado de Assis

Um comentário:

  1. Quero um espresso curto antes de viajar, viu?!?!?! E aproveitando a oportunidade... Seu blog está super envolvente, não fico um dia sem visitá-lo pra ver a postagem mais recente!!! Nisso vc ainda é muito bom, viu?!?! kkkkk!!! Como sempre, consegue tornar qq tema chato numa conversa legal e atrativa!! Parabéns!!!! Saiba q sou sua eterna admiradora!!! Bjoooo, Carlinha.

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Muito obrigado pelo comentário!